SERMÃO DE NATAL: SANTO CURA D’ARS
Foi anunciado aos pastores para que fosse tornado conhecido a todos os povos, no oriente e no ocidente, no norte e no sul; ele ressoará e alegrará através de todos os séculos; jamais cessará, nem mesmo quando o mundo estiver em vigília e o livro do Cordeiro for fechado, e então ecoará por toda a eternidade: nasceu-vos um Salvador, que é Cristo Senhor.
Ó, quem pode descrever a alegria de uma festa de Natal! Sobre nossos altares paira a alegria dessa mensagem jubilosa; das planícies de Belém ela desce aos nossos corações e infunde consolação e esperança em nossas almas. Nasceu-nos um Salvador, um Salvador que nos libertará do pecado e da escravidão de Satanás, que nos reconcilia com Deus e nos abre o céu.
Quem é esse Salvador, o próprio nome nos diz, como anunciou o profeta Isaías: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o seu nome será Emanuel, Deus conosco.” Sim, Deus conosco: eis o sentido da mensagem jubilosa do anjo: Deus conosco
I. Em Sua humanidade
II. Em Sua infância
III. Em Sua pobreza
É isso que contemplaremos, caríssimos: Seu nome será Emanuel, Deus conosco.
I – Deus conosco em Sua humanidade
Os anjos anunciaram que nasceu o Salvador, que é Cristo Senhor. Isto é, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade assumiu uma natureza humana, um corpo humano e uma alma humana, como os nossos. Tornou-Se um de nós. Ele é semelhante a nós em tudo, exceto no pecado, diz o Apóstolo. Este é o primeiro passo da misericórdia de Deus, que nós adoramos piedosamente no presépio de Belém.
O pecado separou o homem de Deus; entre Deus e o homem abriu-se um abismo profundo que o homem não era capaz de transpor. O Senhor já havia dado ao mundo provas de Sua misericórdia antes da Encarnação de Seu Filho, mas sempre em vista do Messias que havia de vir. Sem Ele, restava apenas diante de nós a justiça vingadora de um Deus irado, que pune os pecados dos pais de geração em geração.
Cheios de anseio, os pais dos tempos antigos aguardavam o dia em que o Senhor derramaria a grandeza de Sua compaixão sobre a humanidade caída e pecadora. De modo belíssimo o profeta Isaías consola a humanidade em sua miséria languente: “Dizei aos pusilânimes: Tomai coragem e não temais. Eis que o vosso Deus virá com vingança e retribuição. O próprio Deus virá e vos salvará.” Deus Ele mesmo! Quem pode medir a grandeza dessa compaixão?
Um príncipe é certamente misericordioso quando envia um mensageiro com presentes aos pobres em seus miseráveis aposentos. Deus poderia ter feito isso. Poderia ter-nos enviado um Moisés para quebrar as cadeias de nossa escravidão. Poderia ter-nos enviado um profeta como Jonas para nos pregar a penitência. Poderia ter permitido que Elias aparecesse novamente entre nós, trazendo a palavra de Deus como uma tocha ardente. Isso já teria sido grande misericórdia. Mas Deus quis fazer mais do que isso.
O apóstolo São Paulo descreve assim: “Deus, que outrora falou muitas vezes e de muitos modos aos pais pelos profetas, nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem também fez o mundo.” Agora todo coração humano participa do júbilo de Isabel na visita da Santíssima Virgem: “Donde me vem que a mãe do meu Senhor venha a mim?”
Deus vem Ele mesmo. Se tivesse vindo apenas um profeta ou um anjo, o anseio do homem por Deus, por uma comunhão mais íntima com Ele, não teria sido plenamente satisfeito. Em todo coração humano existe esta pergunta que o salmista exprime: “Onde está Deus?” Onde está o meu Deus? pergunta a criança no colo da mãe. Onde está o meu Deus? pergunta o jovem em sua busca pela felicidade. Assim pergunta o velho ao se aproximar da morte.
Antes de Cristo, os homens buscavam Deus nos vales, nos cumes das montanhas, às margens dos rios e nas profundezas das florestas, erigindo altares para fazer Deus descer até eles. Todo esse anseio, todo esse desejo do coração humano, foi satisfeito no presépio de Belém. O próprio Deus vem.
Como Ele virá? Em Sua majestade? No esplendor de Sua glória divina? Não poderíamos suportar Seu olhar nem Sua presença. Virá talvez como a nuvem sobre a Arca da Aliança no templo de Jerusalém? Isso ainda não bastaria para Sua misericórdia. Quis ser mais para nós.
Não vem apenas em aparência de corpo, como alguns hereges imaginaram. Não. Deus vem verdadeiramente, assumindo um corpo humano real e uma alma humana real. Até onde Sua misericórdia O conduziu, até esse ponto Ele Se aniquilou. Como diz o Apóstolo: “Sendo de condição divina, não considerou como usurpação o ser igual a Deus, mas esvaziou-Se a Si mesmo, assumindo a condição de servo, tornando-Se semelhante aos homens.”
Deus vem Ele mesmo; torna-Se homem como um de nós. Quem pode compreender a grandeza dessa misericórdia em Seu rebaixamento? Se uma águia se tornasse um verme e ainda conservasse sua natureza de águia, isso lhe seria um tormento insuportável. Quanto mais o rebaixamento que Deus impôs a Si mesmo ao assumir nossa carne!
Por quê? Porque o Filho de Deus quis aproximar-Se o máximo possível de nós. Deus conosco, um de nós. Do Filho encarnado de Deus fluem as bênçãos da divindade sobre todos os homens, membros da mesma família, membros do Corpo Místico de Cristo.
Ele desceu para nos elevar. A bênção começa já no presépio. Agora a condição do pobre e o leito do doente tornam-se meritórios em Cristo Salvador. Cada lágrima derramada com fé e contemplando-O agrada a Deus.
Deus conosco: agora a liberdade é trazida aos homens. As cadeias dos escravos são afrouxadas. Os humildes e os pobres recuperam sua dignidade. Depois que o Filho de Deus Se fez irmão dos mais humildes, a dignidade do homem é restaurada no mundo.
Ele é o Redentor de todos. Ele compreende o duro destino humano. O presépio, os espinhos, o flagelo e a lança tornam-se instrumentos da nossa redenção. Sua misericórdia percorre a terra, cura os doentes, ressuscita os mortos, acalma as tempestades, busca o pecador e vence a morte.
Sua misericórdia santifica a água do Batismo, o óleo da Unção, o perdão dos pecados, o pão e o vinho da Eucaristia. Ele vive em nossos altares. Seu nome será Emanuel: Deus conosco.
II – Deus conosco em Sua infância
O Filho de Deus deu mais um passo de misericórdia ao aparecer na terra como criança. Os anjos anunciaram: encontrareis um Menino. Ele poderia ter vindo como adulto, mas não o fez. Humilhou-Se e deitou-Se no presépio como um bebê indefeso.
Enquanto os deuses pagãos eram representados com raios e armas, nosso Salvador quis aparecer como uma criança cheia de amor e ternura. Todos podem aproximar-se de uma criança sem medo: ricos e pobres, sábios e simples. Quão perto Deus veio de nós!
No presépio desaparece todo medo. O maior pecador pode aproximar-se com confiança. Deus veio fraco para nos conquistar pelo amor. Seu triunfo é um triunfo de amor.
O Filho de Deus nos ensina desde o presépio: “Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus.” O Menino nos chama à humildade, à pureza, à simplicidade.
Rezemos para que Ele imprima em nossas almas os traços de Sua inocência e humildade, para que sejamos crianças diante de Deus.
III – Deus conosco em Sua pobreza
Por amor a nós, o Filho de Deus apareceu também na pobreza. Presépio, manjedoura, faixas: eis a maior pobreza. Ele rejeitou toda riqueza para aproximar-Se dos pobres.
Agora a pobreza não é mais desprezível. Foi santificada. Do presépio flui a paz para os corações dos pobres. Só Cristo pode consolar verdadeiramente o pobre.
Felizes os pobres em espírito. O presépio prega essa bem-aventurança. Aprendemos que as riquezas não trazem felicidade, nem redenção. Usemos os bens como degraus para o céu.
Façamos de nosso coração um presépio, para que o Salvador venha habitar em nós. Assim, Ele será verdadeiramente nosso Emanuel, Deus conosco, agora e por toda a eternidade. Amém.
Paróquia Sagrada Face de Tours:
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Prof. Emílio Carlos
Pároco Leigo



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