A VERDADE SOBRE O DOM DE LÍNGUAS

 

O dom de línguas é mencionado no Novo Testamento em dois contextos distintos, sendo um evento objetivo e milagroso em Pentecostes e um fenômeno mais subjetivo e problemático nas comunidades cristãs, especialmente em Corinto. 

Essa distinção é fundamental para compreendermos a crítica de São Paulo e, por conseguinte, para analisarmos com rigor teológico a ênfase desproporcional que a Renovação Carismática dá ao chamado "falar em línguas".

O Dom de Línguas em Pentecostes

No dia de Pentecostes, narrado em Atos dos Apóstolos 2,1-11, os Apóstolos receberam o Espírito Santo sob a forma de línguas de fogo e começaram a falar em línguas. Porém, é essencial notar que as línguas faladas eram compreendidas por judeus de diversas nações que estavam em Jerusalém para a festa:

"Cada um os ouvia falar na sua própria língua" (At 2,6).

O milagre consistia justamente no fato de que os Apóstolos comunicavam a verdade do Evangelho em línguas reais e inteligíveis para os ouvintes, demonstrando a universalidade da pregação cristã.

O Dom de Línguas na Comunidade de Corinto

Já na Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo trata de um tipo diferente de glossolalia, ou seja, um falar em línguas que não era compreendido. Em 1Cor 14,2, ele adverte:

"Quem fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus, pois ninguém o entende; ele diz coisas misteriosas sob a ação do Espírito."

E mais adiante, ele ressalta a importância da inteligibilidade na comunicação:

"Prefiro dizer cinco palavras com inteligência para instruir os outros a dizer dez mil palavras em línguas." (1Cor 14,19)

Ou seja, São Paulo exorta os fiéis a priorizarem dons espirituais que edificam a Igreja, como a profecia, a instrução e o ensino, em vez de um fenômeno que, sem interpretação, não traz proveito à comunidade. Ele chega a dizer que a desordem no uso desse dom pode levar os não crentes a pensar que os cristãos estão loucos (1Cor 14,23).

A Renovação Carismática e a Exaltação do Dom de Línguas

Com base nesse ensinamento bíblico, é possível fazer uma crítica à Renovação Carismática, que tem elevado o dom de línguas a uma posição exagerada e equivocada. Há entre muitos grupos carismáticos uma tendência a:

- Desvirtuar o sentido do dom de línguas, entendendo-o como um sinal extraordinário da presença do Espírito Santo, quando na realidade, conforme visto em Pentecostes, o dom autêntico era inteligível e tinha um propósito missionário claro.

- Enfatizar o êxtase emocional em detrimento da razão e da doutrina, muitas vezes levando os fiéis a acreditarem que uma experiência subjetiva de "falar em línguas" é evidência de uma fé mais profunda, o que contraria a própria exortação de São Paulo sobre a prioridade da edificação da Igreja. 

- Impor a glossolalia como critério de maturidade espiritual, com algumas lideranças sugerindo que somente aqueles que falam em línguas teriam o Espírito Santo em plenitude. Isso é um grave erro teológico, pois o verdadeiro sinal de santidade é a caridade e a fidelidade à doutrina, e não uma experiência sensível.

- Desconsiderar o discernimento sobre a origem do fenômeno, pois é sabido que a glossolalia pode ser induzida psicologicamente, imitada por condicionamento social ou até mesmo ter origem em influências espirituais duvidosas.

Assim vemos que o verdadeiro dom de línguas, conforme Pentecostes, foi um milagre real e inteligível, enquanto que a prática de falar em línguas de modo ininteligível foi motivo de exortação e correção por São Paulo. 

A Renovação Carismática, ao fazer dessa experiência um critério de espiritualidade superior, se afasta do ensinamento bíblico e da Tradição da Igreja. Os grandes santos e doutores da Igreja nunca precisaram recorrer a esses fenômenos para demonstrar sua santidade, mas sim à fidelidade doutrinal, à oração profunda e à prática heroica da virtude.

Por isso, é necessário prudência e discernimento diante dessas manifestações, recordando que a fé não se apoia em experiências emotivas, mas na verdade objetiva da Revelação e na vida sacramental conforme a Tradição da Igreja.

Reze o Santo Terço todo dia Ao Vivo na Hora do Terço com a paróquia das igrejas domésticas.

Paróquia Sagrada Face de Tours:

Canal no youtube: www.capeladasagradaface.com.br

Reze com a paróquia das igrejas domésticas.

- Terço da Misericórdia: 14:50h

- Liturgia das Horas: 6h - 12h - 18h - 21:30h

- Exorcismo de São Miguel: 3h e 6:30h

- Terço da Sagrada Face: meia-noite

- Terços e orações: às 7h e 21h

 

Paróquia Sagrada Face de Tours: o dia todo rezando com você

Uma paróquia de leigos para leigos, criada por Nosso Senhor.

Prof. Emílio Carlos

Pároco Leigo



 

Comentários