Sermão sobre as Dores de Nossa Senhora
(São João Maria Vianney)
Meus irmãos:
Hoje meditamos sobre as dores de Nossa Senhora. Que coração poderia permanecer insensível ao ver uma Mãe tão santa e tão cheia de amor sofrer tanto? De fato, nenhum coração poderia compreender completamente a dor de Maria ao ver seu Filho Jesus sofrer tanto por nós.
Nossa Senhora das Dores é aquele modelo perfeito de paciência e submissão à vontade de Deus, mesmo em meio às maiores provações. Suas dores foram muitas, e, como nos lembra a tradição da Igreja, essas dores são sete:
A profecia de Simeão: Quando o velho Simeão tomou o Menino Jesus em seus braços no Templo e disse a Maria: “Eis que este menino está destinado a ser a ruína e o reerguimento de muitos em Israel, e será um sinal de contradição; e a ti, uma espada de dor traspassará a alma”. Oh, quão amargo foi este momento para Nossa Senhora! Ela já via, em espírito, os tormentos de seu Filho, o desprezo que Ele sofreria, e a agonia de sua morte na cruz.
A fuga para o Egito: Pouco tempo após o nascimento de Jesus, Herodes busca matar o Menino, e José recebe um aviso do anjo para fugir. Maria deve fugir para um país estrangeiro, carregando seu Filho nos braços. Que angústia foi essa para a Mãe de Deus ver seu Filho ameaçado de morte por um tirano cruel, e não ter um lugar seguro para Ele!
A perda de Jesus no Templo: Imagine a aflição de Maria quando, ao retornar de Jerusalém, percebe que seu Filho está desaparecido. Por três dias, ela e São José o procuram, até que finalmente o encontram no Templo. Oh, que dor para o coração de uma mãe, procurar seu Filho amado sem saber onde Ele está!
O encontro com Jesus no caminho do Calvário: Este encontro é talvez o mais doloroso. Maria vê seu Filho, ferido, sangrando e carregando uma pesada cruz às costas. Ela O acompanha com o coração despedaçado. Cada passo de Jesus é como uma espada que traspassa a alma de Maria.
A crucificação de Jesus: Oh, meus irmãos, que dor indescritível! Maria está ali, ao pé da cruz, assistindo ao seu Filho morrer. Jesus é pregado à cruz, e Maria escuta o som dos martelos que cravam os pregos em Suas mãos e pés. Ela escuta Suas palavras de agonia, vê Seu corpo desfigurado, mas não pode fazer nada para aliviar o Seu sofrimento. Toda a dor de Jesus é a dor de Maria.
O corpo de Jesus é descido da cruz: Quando Jesus é retirado da cruz, Seu corpo sem vida é colocado nos braços de Sua Mãe. Ela O segura, O contempla, e vê todas as chagas e feridas que Ele sofreu por nossa salvação. Maria sofre em silêncio, aceitando essa imensa dor com uma submissão perfeita à vontade de Deus.
O sepultamento de Jesus: Finalmente, o corpo de Jesus é colocado no túmulo. Maria deve despedir-se de Seu Filho. Que momento de desolação! Para uma mãe, não há dor maior do que ver seu filho morto ser enterrado. E, no entanto, Maria suporta tudo isso com fé e confiança.
Meus irmãos, o que nos ensinam as dores de Nossa Senhora? Elas nos mostram o caminho da paciência, da submissão e da confiança em Deus, mesmo nos momentos mais difíceis. Maria não se revolta, não questiona os desígnios de Deus. Ela aceita tudo com um amor profundo e uma confiança inabalável em Seu Senhor.
Devemos aprender com Nossa Senhora a aceitar as cruzes que Deus permite em nossas vidas. Muitas vezes, em nossas dores e sofrimentos, podemos ser tentados a nos desesperar ou a murmurar contra Deus. Mas Maria nos ensina que, com fé e amor, podemos transformar nossos sofrimentos em um caminho de santificação.
Recorramos a Nossa Senhora das Dores em nossos momentos de aflição. Ela que suportou tanto sofrimento por amor a nós, certamente intercederá por nós junto a Seu Filho. Que, ao meditar sobre suas dores, possamos encontrar nela o consolo e a força para carregar nossas próprias cruzes.
Que Nossa Senhora das Dores nos acompanhe sempre e nos leve a seu Filho, Jesus Cristo. Amém.
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